Vivendo bem o presente – Keiko Narita

Keiko e Mauricio

Passamos à vida inteira buscando a constante sensação de felicidade e,  muitas vezes, deixamos de viver esses momentos intensamente por causa do medo e insegurança. Ou, porque achamos que teremos todo o tempo do mundo para vivê-las. Mas, quando uma tragédia acontece, nos força a refletir na mudança repentina dos rumos que pretendíamos seguir para saciarmos nossos desejos de felicidade.

Passamos a observar os problemas de uma maneira mais plausível. E cada momento passa a ter um valor único, cada solução passa a ser pensada de maneira racional, deixando o emocional de lado, ou com uma proporção menor em relação à razão.

Sabe aquelas situações inusitadas que a vida nos apresenta? Quando temos prazer em ouvir o que o outro tem a dizer? Quando temos a satisfação de observá-lo e de entender como ele enxerga o mundo e o seu semelhante e, principalmente, como ele se entrega à vida e a reverencia, mesmo após ter levado uma rasteira dela ?

Há oitos anos atrás, a nossa convidada especial, perdeu uma de suas jóias raras: o seu filho. Ele foi assassinado por uma alma que, talvez, esteja buscando sua felicidade por caminhos tortuosos e nebulosos. Para salvar e defender a mãe ele se jogou na frente dela e foi atingido por um tiro que tirou a sua vida. E Keiko, ao invés de viver constantemente dentro de um estágio de anestesia e de se colocar como uma vítima das tragédias da vida se revoltando contra o mundo, enfrentou a dor com fé e esperança e descobriu um novo sentindo para sua vida, com um único propósito: referenciar a memória de seu filho herói.

A primeira frase que ela disse foi:

“O exercício físico por si só não trás prazer algum. É preciso sentir o movimento, deixar levar o fluxo da energia por todo o seu corpo”.

Sem dúvida nenhuma, a adorável Keiko está coberta de razão. É preciso dispor de vontade para se entregar a determinados momentos nos quais a vida nos permite desligar o tal botão automático que nos cega de tantas coisas que poderíamos vivenciar e sentir, e olharmos para nossa essência. É preciso ter a consciência e a disposição de olhar para o outro sem julgamentos, respeitando seus limites, seus desejos, suas frustrações e suas lutas externas. Afinal todos nós as temos!

A prática Thai Chi Chi Kung, ministrada pela Keiko, tem como objetivo levar as pessoas a despertarem a tranqüilidade que cada um carrega dentro de si. Porque são os pequenos momentos e atos vividos na vida, quando nos entregamos de corpo e alma, é que descobrimos o verdadeiro significado da vida.

Um dos exercícios que vivenciamos, eu e a minha companheira de blog Susana, foi a atividade do espelho. Através de movimentos com as palmas das mãos ( que fazem a função de dois espelhos ), a atividade  tem como objetivo estimular o nosso autoconhecimento, o autocontrole de nos apropriarmos das nossas sensações e, principalmente,  de nos encorajar a enfrentarmos os nossos medos, as nossas mágoas e as nossas verdades.

Outro exercício que me chamou a atenção foi o chamado Bambu. O bambu possui raízes fortes e são flexíveis, tal como as situações que muitas vezes nos desestruturam, entretanto, somos flexíveis como os bambus, somos capazes de enfrentar ventos e tempestades, perdemos coisas ( assim como os bambus perdem folhas ) porém, no final, estamos em pé, prontos para novas experiências e outras tempestades.

Lembre-se sempre que somos frutos das nossas escolhas e sempre tentamos fazer o melhor que podemos. Muitas vezes não é possível mas o que importa é tentar.

“Olhar para as pessoas com responsabilidade é construir uma sociedade mais comprometida e responsável em cultivar o fruto chamado solidariedade”.

Bate papo com Keiko Narita

1- Como você conheceu a prática ?

Conheci essa prática há muitos anos atrás, após o treino do Lian Gong (outra modalidade de arte marcial chinesa) no Parque do Ibirapuera e também numa escola no Campo Belo. Naquela época, meu foco principal era o Lian Gong, mas então comecei a me interessar também pelo Chi Kung.

2- Qual é o nome da prática e quais os benefícios que ela trouxe para sua vida?

TAI CHI CHI KUNG é uma  técnica milenar chinesa que visa o bem estar, a saúde e o  equilíbrio físico e mental, por meio de exercícios de baixo impacto, baseado em movimentos circulares lentos e suaves, porém firmes. Uma característica única do Chi Kung é sua habilidade de direcionar a energia (“chi”) para qualquer parte do corpo contribuindo para um estado natural de equilíbrio.

Keiko aula
Parque Cordeiro-SP

Essa prática tem me ajudado a trabalhar meu equilíbrio físico-mental-emocional e meu autoconhecimento, além de me ser extremamente gratificante o fato de poder ajudar outras pessoas a fazerem o mesmo por si mesmas.

Introduzi alguns movimentos diferenciados e uma técnica própria na qual procuro aliar os movimentos a uma fala que visa levar os participantes a uma reflexão mais profunda sobre seus comportamentos e seu modo de vida e,  em alguns momentos, a um profundo relaxamento.

Além de trabalhar a parte física, ela possui uma característica meditativa, uma vez que a mente se mantém focada nos movimentos do corpo, na respiração específica e na fala direcionada.

3- Como você começou a ministrar aulas no parque?

Há cerca de três anos, quando conheci o falecido Sr. Yoshimoto, que ministrava fundamentos do Tai chi, técnicas de automassagem, etc.Comecei a participar, me ofereci para ajudá-lo voluntariamente e aqui estou.

Não sou uma pessoa especializada e nem mesmo uma mestre em artes marciais. Apenas dedico parte de meu tempo para compartilhar tudo o que aprendi a esse respeito e também sobre minha experiência de vida.

4- Quais os dias e horários da prática?

Somente aos domingos as 09h30 no Parque Cordeiro (com cerca de 50 minutos de duração).

Eventualmente preciso me ausentar por questões pessoais, viagens, etc.

Parque Cordeiro – Rua Breves, 968 – bairro Chácara Monte Alegre – São Paulo/SP

Mais informações sobre parques, clique aqui:

http://vivabemavida.com.br/entretenimento/parques-e-prac…rio-e-curitiba/

‎5- O que é viver bem a vida para você?

Viver bem a vida é viver o HOJE com plenitude.

Procuro me desapegar do passado e evito me preocupar demasiadamente com o futuro, já que um já passou e o outro nem começou …

Hoje, me preocupo menos em ter, e me ocupo mais em SER!

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