Atividade física infantil levada a sério

Bolhas de Sabão

Um olhar consciente na formação psicomotora das crianças

Trabalhar com crianças é sempre uma satisfação! Entretanto, o educador físico deve ter conhecimento específico para colaborar com o desenvolvimento psicomotor.

A criança não é uma miniatura do adulto, e sua mentalidade difere qualitativa e quantitativamente da do adulto” (Claparède, 1937).

A garotada precisa movimentar-se para que o seu desenvolvimento psíquico e físico seja harmônico. Não se preocupe quando ouvir que uma determinada criança é inquieta, pois esse comportamento é inerente.

As crianças despendem mais energia física comparada aos adultos por dois motivos: primeiro devido a uma maior atividade do cérebro (núcleo pálido) e depois, por serem menos sensíveis ao cansaço.

Uma atividade física bem elaborada deve ser dividida em duas fases distintas: A primeira, no desenvolvimento psicomotor e a segunda, caso seja desejo exclusivo da criança e não dos pais, introdução de um treinamento com finalidades de obtenção de desempenho esportivo.
Nenhum grande atleta consegue pular etapas e nenhum grande homem não praticou atividade física na sua infância” (Mauricio Romeiro, 2013).

Na elaboração de treinamento para crianças e jovens, deve-se levar em consideração uma série de alterações físicas e psíquicas sociais.

Antes de iniciar um trabalho, com objetivos e metas, se faz necessário uma avaliação específica individual das características anatômicas e fisiológicas da criança ou do jovem, considerando sua idade. As crianças apresentam um crescente número de sinapses no sistema nervoso central nos primeiros anos de vida, o que contribui para o seu potencial funcional. Por outro lado, sob o ponto de vista motor, é importante que as crianças pequenas recebam estimulação suficiente para desenvolver suas conexões sinápticas e desse modo, a estrutura plástica do seu cérebro.

É preciso ficar atento na relação entre o desenvolvimento físico e a idade biológica. Para crianças com desenvolvimento acelerado, o desenvolvimento físico precede o biológico em um ou mais anos, diferentemente de crianças com o crescimento retardado, onde o crescimento biológico precede o físico.

Uma preocupação durante os exercícios propostos é a recuperação dos estímulos, que deve ser levada em consideração no desenvolvimento musculoesquelético. Crianças e jovens apresentam características diferentes dos adultos, tais como: ossos não são compactos, motivo pelo qual deve se evitar sobrecarga, tendões e ligamentos não se apresentam suficientemente tensos, e o tecido cartilaginoso, em alto processo de multiplicação e baixo grau de calcificação, fica suscetível a lesões. 

As características psicofísicas de cada faixa etária que devem influenciar na determinação do treinamento

Para os lactentes e crianças na primeira infância, os pais possuem um papel importante em proporcionar estímulos psicossociais e motores necessários para o desenvolvimento da criança.

Dos 3 aos 7 anos, as crianças apresentam inquietação, vontade de se movimentar, brincar,   curiosidades gerais e aptidão para o aprendizado.
As atividades mais interessantes para os pimpolhos são: saltar, pular, balançar, puxar, empurrar, atirar, agarrar, correr, entre outras, a fim de estimular sua criatividade e experiência corporal.

Dos 7 aos 10 anos, é o momento que surge o interesse pelo esporte. Uma das principais características é o aprendizado rápido das aptidões ensinadas pelos professores. A Criança apresenta entusiasmo, vontade, coragem em aceitar desafios e um bom equilíbrio psicológico. A principal atuação do professor nesta fase é propor, para crianças de 7 a 8 anos, que aumentem o seu repertório e sua coordenação motora. A partir dos 10 anos, até o inicio da puberdade, acontece o período que podemos chamar de domínio sobre o corpo. A criança apresenta uma segurança (eu posso fazer) e disposição (vontade de se ariscar), tudo isso se deve a influência do desenvolvimento motor. A criança está apta a receber estímulos de aptidões esportivas.

Dos 11 aos 14 anos em meninas e dos 12 aos 15 anos de idade em meninos, inicia o que chamamos de fase puberal. O despertar da sexualidade, as mudança de feições, o desenvolvimento e alterações físicas, que acabam ocasionando uma fragilidade física, sendo reforçada pela instabilidade hormonal. Algumas características nessa fase fazem parte do comportamento crítico, ou seja, “entendo o mundo e o domino”, o questionamento, a independência e a responsabilidade própria.

Aceitar algumas mudanças é muito conflitante para os pais, mas é preciso enfrentar todas as sensações e entender cada transformação. Entretanto é fundamental compreender as possíveis mudanças psicofísicas e sociais, pois as mesmas refletem no interesse pelo esporte.

Já na ultima fase da puberdade, que caracterizamos como sendo a transição de criança para adulto, que se refere para as meninas dos 13 aos 18 anos e dos 14 aos 19 anos em meninos, é o momento em que as ideias para o desempenho esportivo estão mais afloradas devido ao aumento de força e a capacidade de memorizar movimentos.
Toda mudança e evolução, que acontece deste o nascimento até a fase adulta, resultará na definição da personalidade e melhoria da integração social”, ou seja, olhar para o outro com respeito e responsabilidade na formação de sua integridade plena através do movimento é um desafio constante e desafiador, podendo conscientizar as novas gerações a um novo estilo de vida.

Maurício Romeiro
Educador e preparador físico, professor e empresário
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