Como a Olimpíada está quase aí, aproveitei a ocasião e entrevistei o preparador físico da Confedereção Brasileira de Golfe, o educador físico Paulo Mazzeu. Ele falará sobre o seu trabalho e dos atletas brasileiros classificados para os jogos.
VBV : Você está cuidando da preparação dos atletas classificados para a olimpíada?
PM: Sim. Teremos três golfistas representando o Brasil no golfe. No feminino, as atletas Miriam Nagl e Victoria Lovelady * e no masculino o atleta Adilson da Silva.
VBV: Há um preparo físico além do preparo técnico ?
PM: A preparação física específica para o golfe nunca esteve tão evidente. E esse é o único caminho pois sem ela fica impossível jogar golfe com boa performance e sem se machucar. O renomado professor Paul Chek, do centro de preparação física CHEK Institute, na Califórnia, afirma que nada menos do que 80% dessa preparação devem ser voltadas para a prevenção das lesões.
No entanto, o condicionamento físico para o golfe traz algumas importantes diferenciações com relação à maior parte dos esportes. No golfe, a demanda cardiovascular não é tão grande, porém o sistema musculoesquelético é extremamente exigido ao ter que suportar a sobrecarga advinda das rotações que acontecem repetidamente no movimento do golfe. Para isso, é preciso preparar o golfista fisicamente, para que ele tenha condições de realizar o swing (movimento do golfe) com o menor estresse possível para as articulações.
A rotina de um profissional de golfe é bem intensa. Além da preparação física, o atleta se dedica a parte técnica por ao menos seis horas por dia. Isso ocorre pela complexidade e diversidade das tacadas que fazem parte do jogo.
VBV: Como é a preparação para uma competição tão importante e competitiva como essa, já que o nível dos atletas é muito alto? É mais intensa?
PM: A preparação física para as olimpíadas não difere muito do trabalho que já vinha sendo feito para os outros torneios, porém, a preparação técnica fica mais específica nas necessidades individuais e sobre as particularidades do campo olímpico.
VBV: Há alguma recomendação especial referente a alimentação para os atletas antes ou durante as partidas?
PM: Um dos maiores especialistas em nutrição aplicada ao golfe, Robert Yang, sugere que os atletas ingiram uma combinação de frutas secas com castanhas durante o jogo, acompanhado de ao menos um litro de água.
VBV: Quais as chances de medalha dos atletas brasileiros?
PM: A atleta Miriam Nagl está na 435ª posição no ranking mundial e o Adilson da Silva na 255ª, porém, em uma competição com a importância das Olimpíadas onde os atletas estão representando o país na própria terra natal, creio que teremos uma força extra e certamente iremos lutar pelas medalhas.
VBV: Como é o processo de classificação para os jogos? Só havia três vagas para os brasileiros ou teve um torneio classificatório?
PM: Os atletas são selecionados pela posição que ocupam no ranking mundial. Haviam duas vagas no feminino e duas no masculino, desde que os atletas estivessem entre os 450 melhores do mundo. Dentro desse critério, apenas os atletas Adilson da Silva, Miriam Nagl e Victoria Lovelady * foram classificados.
VBV: Para quem quer começar a treinar golfe no Brasil, há muitas escolas? Há em todas as regiões do Brasil ou é mais concentrado na região sudeste?
PM: A região sudeste e, principalmente sul, tem mais tradição no golfe apesar de termos campos de golfe por todo o Brasil.
Em São Paulo nós temos o Embrase Golfe Center, considerado um ótimo espaço para o primeiro contato com o esporte. Existe nesse local a possibilidade de fazer algumas aulas com profissionais especializados, com a vantagem da academia emprestar os tacos para a prática das tacadas.
VBV: Quais os tipos de lesões que podem ocorrer em atletas profissionais e até mesmo naqueles que não são profissionais e jogam por lazer?
PM: Durante o swing de golfe, a cabeça do taco move-se a uma velocidade acima de 160 km/h, e os jogadores amadores atingem aproximadamente 90% de pico de atividade muscular. Se o jogador não tiver a mobilidade necessária para permitir a fluidez do movimento e a preparação adequada das cadeias musculares, certamente terá uma sobrecarga nas articulações, a qual, mais cedo ou mais tarde, resultará em alguma lesão.
Quando não acontece esse preparo, a região mais afetada é a coluna lombar, seguida dos cotovelos e ombros.
O primeiro passo a ser dado na busca de uma preparação adequada é identificar quais são as limitações físicas que o golfista possui. Essas limitações podem estar em várias partes do corpo. Por exemplo, a falta de estabilidade nos pés irá afetar o equilíbrio durante o swing; e a pouca mobilidade na coluna torácica prejudicará a rotação. Para realizar essas identificações, é preciso fazer uma análise funcional que mostrará essas limitações e o que deve ser trabalhado para que o golfista possa jogar com melhor performance e menor risco de lesões.
Paulo Mazzeu é Diretor do Instituto Fit e preparador da Seleção Brasileira de Golfe.
Para saber mais sobre a preparação física para o golfe e como iniciar um trabalho específico de preparo acesse www.institutofit.com.br
O Instituto Fit também ministra vários cursos durante o ano . Confira a programação:
20 e 21/08/2016: Certificação em Exercícios Corretivos nível 1
24 e 25/09/2016: Certificação em Exercícios Corretivos nível 2
15 e 16/10/2016: Certificação em Exercícios Corretivos nível 3
05/11/2016: Biomecânica e prevenção a lesões aplicada a musculação
As inscrições podem ser feitas pelo www.institutofit.com.br
* A golfista paulista Victoria Lovelady foi confirmada nos Jogos Olímpicos Rio 2016 no início da tarde desta sexta-feira pela Federação Internacional de Golfe (IGF, na sigla em inglês) através de comunicado enviado à Confederação Brasileira de Golfe (CBG).
Victoria havia terminado o período de classificação para os Jogos a uma posição da 60ª e última vaga para a disputa do golfe feminino e estava na lista de reserva. Obteve a vaga porque algum comitê olímpico nacional – a IGF não informou qual deles ainda – deixou de indicar uma jogadora, abrindo espaço para Victoria, que por mérito próprio se tornou a 60ª do ranking olímpico.
Ela se junta à paranaense Miriam Nagl, 59ª do ranking olímpico, para defender o Brasil no golfe feminino olímpico. No masculino, o Brasil será representado pelo gaúcho Adilson da Silva, 51º do ranking olímpico.