As cartas não mentem jamais !

Cartomancia – A Origem do Baralho Cigano

Madame Lenormand (Marie Anne Adelaïde Lenormand), criadora do baralho cigano, que hoje é conhecido por Petit Lenormand, era francesa nascida em 27 de maio de 1772 na região de Orne e foi considerada a cartomante do século XIX.

Madame Lenormand era uma senhora da corte, astróloga, numeróloga, quiromante. Madame Lenormand era muito idealista, gostava de acompanhar os movimentos sociais, estudava bastante, gostava de ajudar ao próximo. Incluiu junto a suas leituras de cartas, talismãs, ervas e ficou conhecida por fazer previsões importantes aos ilustres da época como Napoleão Bonnaparte, o qual ela previu sua ascensão e queda, pintor David, dentre outros.

Madame Lenormand tinha muito contato com ciganos europeus, dizem até que ela se apaixonou por um cigano, cujo teve um romance. Com esse convívio, aprendeu com os ciganos a ler as cartas e, tempos após, fez uma adaptação das cartas do baralho usado pelas ciganas para um novo baralho “exótico”, chamado La Sybille des Salons, com 52 cartas, onde mesclou a informação e correspondência dos naipes com personagens e figuras diferentes. Houve muitas modificações até que, em 1870,  foi reduzido para 36 cartas e intitulado Petit Lenormand, atualmente conhecido como baralho cigano, pois foi adaptado e difundido pelos ciganos que tinham a necessidade de ter um oráculo próprio.

No baralho cigano encontramos imagens da natureza, animais, arvores, rios, flores, paisagens, retratam a vida ao ar livre, contato com a natureza, com os quatro elementos (terra, água, fogo e ar) e liberdade que os Romá (ciganos) têm.

Na tradição cigana a adivinhação com cartas é praticada pelas mulheres, que tem como oficio a leitura da sorte. As meninas ciganas, desde crianças, aprendem a leitura da sorte com as mães até serem preparadas para dar o atendimento ao público. Já os homens, geralmente, são os comerciantes da tribo, trabalham com vendas de carros, animais. Alguns são artesões (fabricam tachos em metal e cobre). As mulheres saem às ruas para lerem a Buena Dicha! E assim, com o recebimento das patacas (a salva, a paga) pelas consultas, ajudam seus companheiros a comprarem mantimentos para o acampamento e para suas crianças.

Uma boa cartomante quando atende um cliente não lê somente as cartas mas a alma da pessoa. Há todo um preparo astral, espiritual e energético para que uma boa leitura aconteça, a começar pela cartomante, que antes de abrir o oráculo para um consulente, já fez o seu preparo espiritual, ativou sua proteção e limpeza fluídica do local para proporcionar um ambiente seguro e blindado espiritualmente, evitando assim energias intrusas ou invasoras. Toda reverência a Santa Sara de Kali, padroeira dos ciganos, deve ser feita, pois nada acontece numa tenda cigana sem antes invocar o nome de Sara, bem como a reverencia aos clãs ciganos espirituais e mentores da mesa. Lembrando que à mesa, deve ser manter os aparatos necessários à sustentação de uma mesa de jogo.

As cartas ciganas são um ótimo instrumento de autoconhecimento, além de preverem o futuro, pois, quando o cliente com uma de suas mãos retira as cartas a serem lidas, é seu próprio inconsciente que ajuda a trazer à tona aquela revelação.

Para ser oraculista, além de estudar minuciosamente o significado de cada carta e o significado das combinações entre elas, é necessário ter um chamado! Mas vou um pouco além…Ter um chamado é essencial, por que muitos vão se interessar, mas poucos vão seguir! Para seguir adiante e adentrar em meio ao mundo do oculto, do desconhecido, como diz minha querida Bibi Ramona Torres é preciso ter coragem!

Coragem para se manter fiel às mensagens que as cartas trazem!

Você só conseguirá manter-se fiel se estiver seguro! Agora, se você tem medo de ver alguma coisa ruim, como diz Ramona, é melhor buscar outra coisa que lhe satisfaça. ¹

Entendemos que para ler a sorte, “manusear” uma arte divinatória, um oráculo, se colocar diante do universo como um canal das mensagens e lidar com todo tipo de energia inteligente, tem que haver responsabilidade, disciplina e preparo.

Se você tem esse chamado, abrace-o com o amor e coragem! Tenha disciplina e respeito, que certamente o universo te recompensará!

Vale citar que nós, oraculistas, cartomantes, esotéricos e holísticos, somos todos profissionais de “meio”, ou seja, apesar de dominarmos algum tipo de “mancia” e termos acesso à resposta da divindade frente a uma questão pessoal, o resultado dependerá do consulente, pois a cada um é dado o que chamamos de livre arbítrio!

As cartas trazem recados de caminhos a serem trilhados para se obter um resultado, mas a escolha em trilhar ou não esse caminho, é do consulente e de ninguém mais.

As cartas também podem avisar de um mal a ser evitado, mas os caminhos que devem ser exclusos, revelados pelo oráculo, também será uma escolha do consulente. Se ele der “ouvido” às mensagens, certamente evitará um mal ou alcançará um bem. A aposta é do cliente, a sorte já foi lançada e o resultado depende de suas escolhas.

Todos que procuram as artes divinatórias procuram por um norte, uma direção, um rumo, um prumo, um caminho. A função do oraculista é atender a todos com amor, expor as possibilidades sem se desviar das verdades e trazer à luz aquilo que possa estar na escuridão.

Frente às encruzilhadas da vida, temos que ter em mente que as cartas não mentem!

¹Ramona Torres é Cigana, nascida em acampamento Shuvani, do Clã Kalon Evoriano, oraculista e escritora das principais obras da espiritualidade cigana como: Mestres Ciganos Astrais e Magia Cigana.