O Povo Cigano
Olá queridos leitores! Depois de já termos postado alguns artigos esotéricos e misticos sobre cartomancia, cujo falamos sobre a origem do baralho cigano, depois com o artigo sobre Astrologia Cigana e Horóscopo Cigano, acredito que deva ter ficado aquela curiosidade;
“Mas no fundo, quem são os ciganos?”
Claro, que, ao andarmos pelas ruas das cidades onde vivemos muitas vezes nos deparamos com eles, oras no centro da cidade, ora em algum bairro qualquer, ora oquando viajamos avistamos um acampamento cigano pelas estradas a fora. Quando perguntamos quem são os ciganos, imediatamente nos vêm à mente a imagem daquelas mulheres vestindo aquelas roupas exuberantes, saias rodadas e coloridas, mas acredito que alguém já deva ter se perguntado “afinal, de onde eles vêm?” ou até mesmo, em meio a tanto preconceito que, infelizmente, ainda existe, alguns possam perguntar “porque devo respeitá-los’”?
Então queridos, é justamente por conta dessas questões que pensei em escrever um artigo e assim desmitificar um pouco o que ouvimos de folclores por aí.
O fato é, que até os dias de hoje a origem e o fascínio desse povo continua envolta em mistério. Suas histórias sempre foram transmitidas de geração para geração pela tradição oral, por conta de sua cultura ágrafa, que não deixou registros, por isso criou-se muitas lendas e fantasias a respeito das verdadeiras origens deste Povo.
Alguns especialistas acreditam que os ciganos surgiram na Índia, já que o idioma falado pelos ciganos tem muitas semelhanças com várias línguas do subcontinente indiano. Mas, essa não foi à única teoria que existiu, existiram outras hipóteses para explicar a sua origem: de que os ciganos seriam egípcios, e descendentes dos construtores das pirâmides, dos etíopes, dos persas, dos tártaros… Ou, então, que seriam uma das tribos perdidas de Israel, uma mescla de judeus e árabes, ou que seriam, talvez, a posteridade de Caim, filho de Adão ou a de Cam, filho de Noé.
Deixado de lado essas hipóteses fantasiosas, que hoje não são nada mais que lendas a respeito da origem dos ciganos, o que de fato foi constatado é que no fim do século XVIII, os estudiosos observaram grande semelhança entre a língua dos ciganos e o sânscrito e outras línguas vivas da Índia. Daí afirmarem a origem indiana dos ciganos, conclusão que foi confirmada por estudos de antropólogos, linguistas e historiadores.
Na verdade, presume-se que sejam descendentes de uma tribo indiana, que geralmente costumavam apresentar estatura mediana e coloração de pele mais escura que, em geral, têm um físico bem proporcionado e ágil. Além, claro, de serem amigos de trajes vistosos e de cores mais carregadas, de preferência vermelhas, laranjas, e verdes; as mulheres costumam usar lenços, colares e moedas de ouro em torno do pescoço, deixando os pés geralmente descalços.
Nenhum registro ou vestígio seguro, que tenha sido anterior ao início do séc. XIV, referente à passagem dos ciganos pela Europa foi encontrado. Parecem ter passado do Egito para as terras balcânicas, espalhando-se pela Hungria, pela Boêmia, e pela Rússia. A sua entrada nos territórios da Europa Ocidental (Alemanha, França, Suíça, Itália) não se deve ter dado antes do princípio do séc. XV. Até hoje conservam os seus caracteres raciais e linguísticos bem definidos, costumam se casar somente entre si, embora atualmente não podemos mais considerar essa informação como verdade absoluta, pois vemos que já há muita mistura dos ciganos com os “gadjós” (não ciganos), contudo na cultura e na tradição, os matrimônios mistos ou exogâmicos são considerados pelos mais tradicionais como ilegítimos; em geral, aqueles que se casam fora das regras da tribo, tendem a se isolar do clã. Falam a língua Romani ou Romanês, de fundo indiano, mesclada com locuções dos povos em meio dos quais habitam. Não têm tradição escrita ou literatura, mas o idioma é conservado muito vivo por ser secreto; está diversificado em dialetos.
Por conta de seu estilo de vida, de sua cultura, e de seu nomadismo, do séc. XVI até o início do séc. XX, os ciganos foram objeto da repressão de certos governos europeus, lhes infligiram penas diversas: a escravidão na Romênia e na Hungria (séc. XVIII/XIX), o exílio e até mesmo a própria condenação à morte.
Aqueles que se encontravam na Península Ibérica, também eram descriminados não só pela burguesia, mas também e principalmente pela igreja, pois oscilavam entre o cristianismo (religião local) e suas próprias crenças, que são oriundas de sua cultura, de uma vida livre, de uma sabedoria ancestral, passada de geração em geração, de culto a natureza, manuseio de ervas para curar e espantar o mal, além de lerem a sorte. Por conta disso, eram vistos como ameaça às crenças cristãs, e esse fatos somados a outros falsos julgamentos da burguesia da época, foram obrigados a viverem às margens da sociedade. Mais adiante é decretada uma lei que proibiu a entrada e permanência de ciganos na Espanha e Portugal, daí que muitos imigraram para as Américas, incluindo o Brasil.
Em síntese: Os ciganos são um povo singular, dotado de costumes próprios, oriundos de uma ancestralidade cheia de sabedoria, apesar de todas as discriminações, preconceitos e perseguições, honram e mantem unida a sua família, que é a base de sua organização social, respeitam os mais velhos da tribo, honrando assim as suas raízes; apesar de toda dificuldade lutam para preservar sua cultura e seus costumes, reconhecem em outros ciganos de outros clãs como sendo da família, tanto que tem como costume de se chamarem de “primos”, muitos até hoje levam uma vida nômade, ou seminômade, entregando-se ao comércio, à música e à dança, como também à adivinhação, “buena dicha” (leitura da sorte através das linhas das mãos e através das cartas).
Um bom exemplo de sua cultura, na dança, vem da Espanha, onde a rica tradição da música e da dança deste país, veio da dança cigana que deu origem ao flamenco.
Calcula-se que há de cinco a dez milhões de ciganos no mundo, concentrados principalmente na Europa Central, em países como as Repúblicas Checa e Eslovaca, Hungria, Iugoslávia, Bulgária e Romênia.
Fontes de pesquisas:
Bruna Antunes Esotérica
Site: mundoestranho.abril.com.br
Revista : “Pergunte e Responderemos” – D. Estevão Bettencourt, Nº 423/97