Nutricionista Elisângela Weirich, falando sobre alimentação para pacientes bariátricos

Diet Change
Queridos leitores!

Fiz essa entrevista com a Dra. Elisângela Weirich, que faz parte da equipe do Dr. Rodrigo Strobel, cirurgião do aparelho digestivo e cirurgião bariátrico.
Ela realiza um trabalho importantíssimo dentro da equipe e na condução dos pacientes que são candidatos a cirurgia bariátrica e daqueles que já fizeram. 
Quero muito agradecer a sua participação e esclarecimentos, que são tão importantes.
E o leitor que tiver alguma dúvida, pode mandar a sua pergunta.
Beijos, 
Susana

Dra. Elisângela Weirich

VBV    O acompanhamento do candidato a cirurgia começa bem antes do procedimento e há uma equipe multidisciplinar para a avaliação. A área de Nutrição também faz parte dessa pré avaliação? O que é avaliado nesse momento?

EW   Sim, a Nutrição também faz parte desta pré avaliação. Numa primeira consulta é avaliado todo o histórico do paciente, como por exemplo como aconteceu o ganho de peso, e feito uma avaliação antropométrica para acompanhamento pós cirurgia. Nessa avaliação, é aferido o peso e a altura do paciente, bem como circunferências de bíceps, busto, cintura, quadril e coxa. Na seqüência, é colhido também uma análise da rotina alimentar de cada um, para já ir orientando sobre as mudanças que o procedimento cirúrgico trará para a alimentação. Por fim, é feita a análise dos exames de sangue, para identificar possíveis carências nutricionais, e então, se necessário, inicia-se suplementação para evitar o agravamento de qualquer deficiência no pós operatório imediato, período em que os pacientes ficam em dietas muito restritivas.

 

VBV   Qual orientação nutricional que o paciente deve seguir antes da cirurgia?

EW   Em nosso serviço, é rotina pedir para que os pacientes sigam uma orientação alimentar sete dias antes do procedimento cirúrgico. Essa dieta é feita para facilitar o ato cirúrgico em si, já que favorece a perda de peso e com isso, a recuperação dos pacientes no pós operatório. A orientação consiste em 6 dias de alimentação normal, com várias refeições ao longo do dia. O único dia que é mais restritivo é a véspera da operação, no qual o paciente deverá ficar em dieta líquida, justamente para já ir preparando o organismo para a cirurgia. Nesse período pré-operatório também estimulamos os pacientes a melhorarem o hábito de mastigar, uma vez que ele é primordial para a adaptação e boa aceitação da alimentação quando a dieta sólida for reintroduzida na rotina de cada um.

 

VBV   Para alguns pacientes se faz necessário uma dieta para que ele perca peso antes da cirurgia?

EW   Como descrito na pergunta anterior, é padrão para todos os pacientes seguir uma dieta de pelo menos uma semana antes da cirurgia, justamente para gerar perda de peso e conseqüente facilitação do ato cirúrgico. Nos casos de super obesidade (IMC acima de 50 kg/m), é feita uma orientação alimentar individualizada por um período maior de tempo, para que ocorra um emagrecimento mais intenso, para que a cirurgia possa ser realizada com maior segurança.

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VBV   Como o paciente que está acima do peso e comendo em excesso, conseguirá seguir a dieta para a cirurgia?

EW   Esse é um dos maiores desafios. Eu costumo dizer para os pacientes que, normalmente, a dieta pré-operatória é muito mais desafiadora do que a dieta líquida, por exemplo. Justamente porque nessa fase ainda não há influencia da cirurgia, portanto eles ainda sentem fome e conseguem ingerir grandes volumes de alimento. Mas, volto a reforçar a importância da perda de peso pré cirúrgica e qual a influência disso na recuperação da cirurgia. E, como a orientação, na grande maioria dos casos, acaba durando apenas 7 dias, os pacientes conseguem seguir sem maiores dificuldades.

 

VBV   A pessoa já deve mudar os seus hábitos alimentares antes da cirurgia?

EW   O ideal é que sim, que os hábitos alimentares já sejam melhorados antes da cirurgia. Como, por exemplo, fazer mais refeições ao longo do dia para evitar os exageros cometidos quando ficamos muito tempo sem comer. Evitar tomar líquido junto as refeições. Procurar mastigar mais e comer com tranquilidade. Incluir mais frutas e verduras na rotina alimentar. Não consumir bebidas gaseificadas. Essas pequenas mudanças já facilitam a adaptação ao pós operatório imediato e também no longo prazo.

 

VBV   Como é a alimentação após a cirurgia?

EW   Em nosso serviço, recomendamos 15 dias de dieta líquida e 15 dias de dieta pastosa, para então reintroduzir a dieta sólida. A dieta líquida existe para permitir a cicatrização do estômago recém operado, por isso ela é tão importante. Nessa fase, os pacientes estão liberados a consumir água de coco, isotônicos, sucos de frutas (não ácidas), chás claros e caldos salgados, por exemplo. Já a dieta pastosa é considerada uma fase de transição, para ir preparando o novo estômago para receber os alimentos novamente. Por enquanto, a alimentação é como para um “bebê sem dente”. Nela os pacientes poderão experimentar purê de batata, sopa batida, vitaminas de frutas e mingaus. Então, com 30 dias de cirurgia, reiniciamos a dieta sólida. A partir daí que é trabalhada a reeducação alimentar, dentro da aceitação de cada paciente, para garantir o sucesso e perda de peso em longo prazo.

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VBV   O paciente precisa fazer suplementação no pós cirúrgico já que ele passa um tempo somente com líquidos e depois com porções muito pequenas? Ele não terá uma carência de vitaminas? O paciente não sente fraqueza e tontura já que não come quase nada?

EW   Sim, a suplementação é primordial. Em nosso serviço, como já citado, fazemos a avaliação dos exames de sangue no pré-operatório, para já corrigir possíveis carências nutricionais, para evitar o agravamento ou aparecimento disso durante as dietas restritivas do pós operatório. Depois de feita a cirurgia, é de rotina fazer uma suplementação de proteína para evitar que os pacientes percam muita massa magra durante o emagrecimento. Também recomendamos o uso de polivitamínicos e outros suplementos de vitaminas/minerais, para garantir a nutrição do paciente, uma vez que a alimentação será insuficiente. Além disso, para evitar as tonturas e fraquezas, é importante que o paciente se hidrate bem, para que assim se sinta disposto e não tenha nenhum efeito colateral relacionado à cirurgia.

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VBV   Quais são as consequências quando a pessoa extrapola a quantidade de comida prescrita?

EW   Quando a pessoa come mais do que foi recomendado, ela pode sentir dores e até mesmo vomitar. Uma vez que o volume do estômago está muito reduzido, ele tende a rejeitar qualquer quantidade a mais que for ingerida. Se esse exagero for cometido no pós-operatório imediato, há também um grande risco de abrir a cirurgia, uma vez que o estômago ainda não está cicatrizado e a linha de pontos/grampos pode não agüentar a pressão exercida pelos alimentos e ceder.

 

VBV   Existem alimentos que serão proibidos para sempre?

EW   Não. No pós operatório tardio é permitido ingerir todo e qualquer tipo de alimento, respeitando a individualidade de cada um. Há pacientes que desenvolvem algumas intolerâncias, enquanto outros conseguem comer de tudo sem nenhum tipo de intercorrência. Lembrando mais uma vez que, aqueles que mastigam melhor e come mais devagar, tendem a ter uma melhor adaptação frente a qualquer tipo de alimento.

 

VBV   Qual é a alimentação indicada depois que se atinge o peso ideal?

EW   A alimentação que é indicada para todos, inclusive a quem não fez cirurgia. Poderá se ingerir de tudo, basta ter moderação e fazer escolhas saudáveis. Assim será possível fazer a manutenção do peso ideal ao longo dos anos.

 

VBV   Por quanto tempo o paciente tem o acompanhamento da clínica? Ele precisa fazer consultas periódicas com a nutricionista?

EW   Em nosso serviço, não existe “alta”. O que fazemos, é espaçar mais as consultas. No início, durante a evolução das dietas, os encontros são a cada 15 dias. Depois disso, mantemos consultas mensais, pois é nessa fase que os pacientes estão reaprendendo a comer, então é importante ter um contato mais próximo para poder auxiliá-los. Normalmente, a partir do terceiro mês, quando os pacientes já estão mais adaptados, espaçamos os retornos para de 2 em 2 meses, até se completar o primeiro ano de cirurgia. Após esse período, os retornos ficam a cada trimestre, até fechar 2 anos de operado. A partir daí, os retornos são a cada 6 meses. É importante manter o acompanhamento com a nutricionista, tanto para cuidados e escolhas na alimentação, que ajudam muito no bom resultado/manutenção à longo prazo, quanto para avaliação dos exames de sangue e introdução de suplementação sempre que for necessário.

 

 

 

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Dra. Elisângela Weirich

Nutricionista – CRN 8-2369

 

Atendimento:

Hospital Nossa Senhora das Graças

Rua Alcides Munhoz, 433 – Curitiba/PR

Fones: (41) 3339.7174  / (41) 3240.6060

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Susana München
Relações públicas, produtora artística e empresária.
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