Cirurgia plástica em pacientes bariátricos

Plastic correction on the blue background
Queridos leitores,

Temos muitas pessoas que nos acompanham que fizeram a cirurgia bariátrica ( clique aqui para ler sobre Thalita Carrião e Nair Gonçalves).  Neste artigo, falaremos sobre cirurgia plástica para pacientes bariátricos. Além dos desafios da cirurgia e do pós operatório , há também a questão da estética pois, com o emagrecimento intenso, vem  a flacidez e o excesso de pele.  Com o emagrecimento, ao mesmo tempo que a auto estima vai aumentando, vem a questão da limitação de algumas atividades por causa do excesso de pele em consequência da grande perda de peso.

A entrevista de hoje é com o cirurgião plástico de Curitiba, Dr. Khaled Bazzi. Ele foi responsável pelas cirurgias da nossa leitora Adriana Fernandez .

Quero agradecer ao Dr. Khaled, que no meio da sua agenda cheia, conseguiu responder as perguntas do blog.

Caso tenha dúvidas, escreva aqui no post ou envie para contato@vivabemavida.com.br.
Abraços,
Susana

 

VBV: Dr. Khaled, dentro da sua clientela, há muitos pacientes de bariátrica?

KB: Tem sim, e há uma demanda crescente nos últimos anos. Especialmente com o intercâmbio de informações através das redes sociais e blogs, existe um estímulo a procura dessas cirurgias e as pacientes ficam mais cientes dos seus direitos junto aos convênios.

 

VBV:  Qual a importância da cirurgia plástica para pacientes bariátricos?

KB: A obesidade representa distúrbio psicossocial, os pacientes que são submetidos à cirurgia bariátrica procuram a melhora de um problema, criam expectativas. Entretanto, o emagrecimento maciço gera outros problemas, como a flacidez excessiva, que impede que o paciente desfrute do corpo agora não obeso. Ele continua insatisfeito com a imagem refletida no espelho e com a necessidade de usar roupas que camuflem as alterações da pele.

 

VBV:  Todos os pacientes bariátricos tem necessidade de cirurgia plástica ou depende do percentual de peso eliminado ?

KB: A necessidade de uma cirurgia plástica deve sempre partir do próprio paciente. Então haverá pacientes que apresentam uma flacidez menor e não desejam fazer a cirurgia.  É importante lembrar que a cirurgia plástica será sempre uma troca: o excesso de pele pelas cicatrizes. Isso precisa ser bem avaliado antes de se fazer uma cirurgia plástica.

 

VBV:  Quais as particularidades e complexidade da cirurgia plástica nos pacientes bariátricos ?

KB: O primeiro cuidado é na avaliação pré-operatória. Os pacientes pós bariátricos, frequentemente apresentam deficiências, sejam de vitaminas ou sais minerais. É necessária uma avaliação minuciosa do estado nutricional antes da cirurgia.

Durante a cirurgia o cuidado é em reconhecer as áreas com excesso de pele e flacidez. A marcação cirúrgica é a mais individualizada possível, pois cada paciente apresenta diferente distribuição do excesso de pele.

Depois da cirurgia, a dificuldade é em manter os resultados. A flacidez de pele é algo que permanece mesmo retirando o excesso de pele. Com isso, é mais provável que esses pacientes precisem de um segundo tempo cirúrgico para melhorar os resultados.

 

VBV:  Quais as áreas que sofrem ou ficam mais flácidas? Quanto se retira de pele normalmente ?

KB: O abdômen e as mamas são as principais áreas que incomodam as pacientes. Depois vêm os braços e as coxas.  E, por último, o dorso, glúteos e a face.

Sobre a quantidade de pele a ser retirada, isso depende de questões discutidas com o paciente antes da cirurgia e de questões técnicas no intra-operatório.  Antes da cirurgia avalia-se o custo-benefício da extensão e posicionamento das cicatrizes. Durante a cirurgia tenta-se a retirada da maior quantidade de pele possível, desde que permita uma sutura com pouca tensão.

 

VBV: Há uma dificuldade de cicatrização em pacientes bariátricos? Como é o pós-operatório?

KB: Para que a cicatrização ocorra normalmente existem diversos fatores envolvidos. Nesse processo tem papel as proteínas, vitaminas e sais minerais, ou seja, elementos que os pacientes pós-bariátricos podem ter alguma deficiência. Para que a cicatrização pós-operatória ocorra de forma satisfatória, as cirurgias são planejadas com um cuidado maior com relação ao tempo cirúrgico, a extensão do trauma operatório e com que não haja tensão na sutura. Depois da cirurgia o paciente deve seguir com rigor as orientações em relação à dieta e cuidados com a ferida operatória.

 

VBV:  Normalmente, quantas cirurgias são necessárias para quem perdeu muito peso e quais as principais regiões tratadas? É possível operar mais de uma região em uma mesma cirurgia?

KB: É possível sim. Muitos pacientes querem aproveitar o período de afastamento de suas atividades e a necessidade de cuidados pós-cirúrgicos para operar o maior número de regiões com excesso cutâneo. Entretanto, essa vontade do paciente só poderá ser atendida desde que se preserve a segurança do paciente, não o expondo a um tempo cirúrgico demasiado ou trauma muito extenso em relação às condições clínicas prévias do paciente (doenças, idade e estado nutricional).

 

VBV:  O excesso de pele atrapalha no dia a dia e na auto-estima dos pacientes?

KB: O excesso de pele causa desconforto no dia-a-dia do paciente. Durante as atividades físicas esse desconforto é agravado e obriga os pacientes a usarem malhas compressivas por baixo de suas roupas. Quando se formam dobras cutâneas o cuidado deve ser redobrado, pois o próprio atrito causa uma dermatite. O calor e umidade dessas regiões favorecem o aparecimento de micoses. Essas alterações, somadas à alteração estética, contribuem para a baixa auto-estima do paciente.

 

VBV: A cirurgia é bancada por planos de saúde?

KB: Dentre as várias cirurgias que podem ser necessárias, os convênios cobrem a correção do “abdome em avental” e, mais eventualmente, cirurgia nos membros e mamas. Entretanto, não existem critérios definidos para que uma cirurgia seja considerada reparadora e os convênios se aproveitam dessa margem para negar os pedidos de cirurgia, questionando o ganho funcional e a existência de complicações decorrentes do excesso de pele. Inicia-se um litígio pode precisar de intervenção judicial.

 

Dr Khaled 2

 

DR. KHALED BAZZI – CIRURGIA PLÁSTICA

 

CRM- PR 21727 – RQE Nº 3049 / CRM- SP 127587

 

 

 

 

Formação

Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná – UFPR  (2004)

Residência Médica em Cirurgia Geral pelo Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo

Especialização em Cirurgia Plástica pelo Serviço de Cirurgia Plástica Oswaldo Cruz – Mandaqui

Especialização em Cirurgia Craniofacial pelo Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo – Dra. Vera L. N. Cardim

Título de Especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

Médico assistente do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário Cajuru

 

 

 

 

Susana München
Relações públicas, produtora artística e empresária.
COMPARTILHAR