Pesquisas indicam que a vivência na infância terá influência marcante na personalidade e caráter do adulto.
As décadas de 80 e 90 do século XX, foram marcadas pelos programas infantis de auditórios na televisão brasileira. Esses programas apresentavam o mesmo formato, geralmente apresentado por lindas mulheres, como: Angélica, Xuxa, Mariane e Mara Maravilha. Já a ala masculina era representada pelos palhaços, Bozo, Carequinha e o cômico Sergio Mallandro. Todos com seus fiéis ajudantes de palco, representados pelas Paquitas, borboletas, palhaços e diversos outros personagens, que controlavam a ansiedade da garotada, deixando os condutores de cada atração livres.
Sempre recheados de atrações musicais, desenhos, gincanas e brincadeiras competitivas entre meninos e meninas, juntamente com uma linguagem que subestimava o mundo imaginário e lúdico das crianças, tais atrações estimulava principalmente, o consumo exacerbado de produtos e brinquedos licenciados pelos apresentadores.
Na década de 90, quando me aventurava na carreira de modelo e cursava uma oficina de teatro ministrada pelo querido mestre Geraldo Vietri, conheci a Eliza e a Luciana. Juntas iniciamos um projeto para programa infantil apresentado para o SBT, chamado Fábrica dos Sonhos. Tudo aconteceria numa Fábrica de brinquedos que havia sido destruída pelo personagem Infelicidade e caberia aos outros personagens estimularem a garotada a reconstruir a Fábrica através de ações lúdicas, brincadeiras e gincanas.
Preocupado em desenvolver o modelo construtivista, no qual as crianças pudessem receber estímulos para o seu desenvolvimento psicomotor, toda atração deveria ser monitorada por psicólogos, educadores e pedagogos.
Minha exigência neste projeto era única: “respeitar o universo infantil, estimular as crianças, através do lúdico e propiciar novas adaptações psico-fisico-social”.
Neste formato, Meninas e Meninos não competem entre si, são parceiros, assim, um ajuda o outro a superar seus limites, em contra partido a recompensa não seria brinquedos e nem beijinhos do apresentador, neste caso, o prêmio seria a auto-estima e a satisfação de ter conseguido atingir o foco da atividade proposta.
O plano econômico anunciado pelo ex-presidente cassado Fernando Collor de Melo, acabou com os nossos sonhos de colocar no ar uma opção consciente de programa educacional para as crianças.
Após o término do meu curso de Educação Física, retomei o projeto com crianças carentes no litoral norte de São Paulo e voltei a sonhar com um processo educacional, que pudesse estimular e olhar as crianças como um todo.
“Brincadeira de criança como é bom, como é bom, traz amor e esperança”.
Dessa forma desenvolvi atividades voltadas para as crianças nas minhas aulas de personal trainer infantil e constatei que é possível, através do lúdico, construir atividades que estimulem o mundo imaginário das crianças, resultando mudanças significativas tanto na parte psicomotora como na formação de caráter do indivíduo.
